segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Custo Social da Monarquia

Desde que me lembro que ouço falar como argumento a favor da Monarquia, de que os custos “manutenção” da chefia de Estado seriam largamente compensadores quando comparados com o da República. Ora, na realidade nunca consegui ler (se calhar por falha minha porque decerto deve existir), uma análise com pés e cabeça dos números. Assim, temos uma oportunidade fantástica para entrar a fundo no assunto.
Por uma questão de objectividade, vou deixar de lado questões como o impacto na Monarquia no turismo, que é de facto difícil de comprovar.
Assim, vou-me cingir ao claro, e analisar o caso clássico de Portugal – Espanha.
Comparamos então as despesas da Chefia de Estado dos dois países per capita e valor absoluto do PIB:

A tabela Portugal 2, inclui os gastos orçados para a campanha da última eleição presidencial distribuídos pelos 5 anos de mandato ou seja, foram orçados 10.000.000 €, pelo que teremos um incremento anual no orçamento da presidência de 2.000.000 €.

Conclusão? Chocante! Em termos absolutos, o orçamento do Presidente português é mais do dobro do Rei de Espanha. Em termos relativos, o custo para cada espanhol da Monarquia é de 0,19 €, enquanto para cada português o custo da Republica é de 2,07 €. De notar que não estão incluídos os custos com ex-Presidentes da Republica, que têm várias regalias que acrescem confortavelmente ao preço anual da República. Já temos três presidentes fora do activo e estamos a caminho de um quarto.

Vamos agora fazer um exercício mais interessante, dado que o analisado anteriormente poderá ser um caso do típico descontrolo das contas públicas portuguesas.
Será que a Monarquia tem um custo social menor ou maior do que a República? Por custo social refiro-me à equidade, igualdade de condições e oportunidades, e nível de vida em geral.
O indicador usado para medir o grau de desenvolvimento de um país é o Índice de Desenvolvimento Humano. Este Índice tem em conta três aspectos: 1) Esperança de Vida à nascença 2) Educação 3) Nível de vida.
O IDH 2009 considera 182 países. Destes, 42 são monarquias e 137 são Repúblicas.
Ora, 70% das Monarquias têm um Índice de Desenvolvimento Alto ou Muito Alto, contra apenas 44% das Repúblicas.
Mais, 47% das Monarquias tem um Índice de Desenvolvimento Muito Alto (classificação máxima), enquanto que apenas 15% das Repúblicas atingem este grau de desenvolvimento.

Coincidência? É claro que não…

O custo social da Monarquia é claramente muito inferior ao da República. Os seus cidadãos têm em média condições de vida superiores aos cidadãos das Repúblicas. Vale a pena? Os números falam por si.


Francisco de Calheiros


Fontes: DGO – OE 2009 - http://www.dgo.pt/; MEH España– - http://www.meh.es/; OCDE - http://www.oecd.org/; UN – Human Development Reports - http://hdr.undp.org/


2 comentários:

  1. Gosto... apesar de considerar que é pouco prático, para não dizer correcto, procurar fazer correlações que nada têm a ver com aquilo que seria a realidade nacional.

    Compararmos a nossa presente Chefia de Estado com uma Monarquia a qual gasta menos que esta.

    Tudo bem, de facto, a Família Real Espanhola (neste caso TODA a Família Real) consegue ser mais barata que a simples Casa Presidêncial Portuguesa (Casa Civil + Casa Militar)...

    Mas qualquer Republicano com dois dedos de testa pode fazer a mesma comparação entre a Chefia de Estado Portuguesa com a Família Real Monesgasca e aí é quase que certo que esta última ultrapassará, em muito, os valores apresentados pela República.

    Assim, creio que é URGENTE, fazer um estudo aprofundado daquele que seria (previsivelmente) o custo da Casa Real Portuguesa no caso de estarmos em Monarquia hoje.

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  2. Olá, conheci apenas hoje este importante espaço que se deverá tornar numa sala de debate e iniciativas para este tema que é a Monarquia, que urge ser restabelecida no nosso país. São inúmeras as razões para lutar por esta causa, mas há uma que se sobrepões a todas as outras, a Ilegitimidade com que a República foi implantada.
    Não podemos aceitar que um regime conquistado à força do terror das armas contra a vontade da população, ganhe legitimidade só porque já perdura há 100 anos.
    Parabéns ao autor do blogue,
    Um abraço a todos,
    Viva Portugal, viva o Rei.

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